"Quando me descobri negra" - Bianca Santana
Sabe aquele tipo de livro que te abraça e, ao mesmo tempo te faz refletir profundamente sobre quem você é e o mundo à sua volta? "Quando me descobri negra", da autora Bianca Santana é exatamente assim. Ela compartilha experiências reais e muito intimas sobre o momento em que começou a se reconhecer como mulher negra e tudo que veio junto com essa descoberta.
Ao longo das páginas, eu mesma fui me reconhecendo em muitas das situações que ela descreve. A forma como ela fala sobre olhares, os comentários, ambientes em que o racismo aparece de forma sútil (mas marcante), me fez lembrar de momentos parecidos da minha própria trajetória. É um sentimento forte, de dor, sim, mas também de identificação e de compreensão profunda.
Ela mostra, com muita sensibilidade, como o racismo estrutural se manifesta no cotidiano: na escola, no trabalho, nas relações sociais. Mas o livro não se limita a isso. Também fala de força, de identidade, de orgulho e de um despertar que transforma. É sobre se enxergar de verdade, se afirmar e entender que a negritude é motivo de potência, não de silêncio.
Ler esse livro foi como sentar para conversar com alguém que viveu processos parecidos com os meus, alguém que consegue colocar em palavras sentimentos que muitas vezes ficam guardados. É um convite à reflexão para quem vive algo parecido e para quem precisa aprender a enxergar essas realidades.
"Quando me descobri negra" é uma leitura necessária, urgente e profundamente tocante. Um livro que todo mundo deveria ler!
Trecho do livro
"Tenho trinta anos, mas sou negra há dez. Antes, era morena. Minha cor era praticamente travessura do sol. Era morena para as professoras do colégio católico, coleguinhas - que talvez não tomassem tanto sol - e para toda a família, que nunca gostou do assunto. "Mas a vó não é descendente de pessoas escravizadas?", eu insistia em perguntar. "E de indígena e português também", era o máximo que respondiam sobre as origens da avó negra. Eu até achava bonito ser tão brasileira".
